segunda-feira, 18 de abril de 2011

A radioatividade é contagiosa??

Este artigo é a tradução do blog do team_nakagawa, que é composta por médicos, especialistas de Engenharia Nuclear, Física Teórica, Física Médica, que juntos estão fornecendo informações a respeito da radioatividade pelo ponto de vista médica.
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Tem surgido casos de discriminação entre crianças, nas regiões onde estão abrigados as crianças que evacuaram de Fukushima. Também, estão surgindo problemas no próprio abrigo, contra as pessoas que voltaram temporáriamente para as suas casas. Com certeza, as pessoas que foram rejeitadas vão ficar traumatizadas. Mas ao imaginarmos a reação das pessoas que falaram coisas impensadas, é compreensível que tenham tido reação exagerada pela insegurança de algo pouco conhecido que é a radioatividade.

A radiação ou o material radioativo não são visíveis e à primeira vista, não se pode ver o seu impacto. Isto é uma das causas que aumenta o medo. E a expansão do preconceito e os rumores contra a radioatividade poderá causar grande impacto na recuperação/reconstrução das áreas afetadas.
No momento, nós (principalmente os adultos) temos que temer a radiação “corretamente” .


Nós, o team_nakagawa somos uma equipe de radioterapia. A radiação que aplicamos nos pacientes para o tratamento, é muito mais forte do que a radiação que tem sido observado dentro do terreno da Usina Nuclear Daiichi de Fukushima. Entretanto, quando aplicamos a radiação (irradiação) na parte externa do corpo do paciente, mesmo que cheguemos bem próximos dos pacientes depois do tratamento, nós e nem tampouco os nossos familiares ficam expostos à radiação.


E, além da exposição à radiação, durante a diagnose e a radioterapia, administramos uma variedade de materiais radioativos aos pacientes. Até mesmo o Iodo 131 que está sendo focalizado neste desastre nuclear, o paciente ingere via oral para o tratamento de câncer de tereóide e doença de Basedow-Graves. Ou seja, é aplicado para uma “exposição interna”.
A dose de “exposição interna” na radioterapia, provavelmente é em ordens de grandeza bem maiores do que a dose de “exposição interna” considerada mais elevada nos trabalhadores da usina nuclear de Fukushima.
No tratamento do câncer de tireóide, é aplicado no máximo 3,700,000,000 Bq (Becquerel) a cada vez. Esta quantidade é 10 milhões de vezes maior que o limite provisório para água potável, que é 300 Bq/quilograma.


Mesmo neste caso, o nosso time de radioterapeutas cuidam dos pacientes imediatamente após a administração (OBS 1), não causando nenhum problema.
OBS1: Após tomar o Iodo radioativo, o paciente permanence num quarto. Quando a taxa da dose de radiação medida a uma distância de 1 metro do corpo do paciente for abaixo de 30 μSv(microsievert)/hora, admitimos a saída do quarto e o retorno para casa. No mesmo dia, no caso dos pacientes de Basedow-Graves e em cerca de 3 dias no caso de pacientes de Câncer de Tireóide.


Mesmo que uma pessoa permaneça um longo tempo na área de evacuação, a dose atual de “exposição interna” comparados ao tratamento radiológico, é “insignificante”.
Com isso, talvez possam entender que nunca haverá exposição das pessoas que estiverem ao redor desta pessoa (é claro que nós não estamos alegando, que não há necessidade de considerar os riscos de saúde dos abrigados, causados pela radiação)


Observando os dados de medições de radiação ambiental, não há liberação maciça de material radioativo após o dia 15 de Março. E a intensidade de radiação está plana ou em declínio em cada região.
Não há liberação maciça de material radioativo.
O material radioativo disperso no desastre da usina, caem no solo naturalmente ou com a chuva. A radiação medida atualmente estão sendo emitidos pelo material radioativo que estão no solo, nas plantas ou aqueles que estão grudados nas paredes. Por outro lado, o material radioativo no ar diminuiu ao ponto de não ter necessidade de se preocupar.


Por isso, baseado nos dados de medição atual, é possível saber que é impossível depositar uma grande quantidade de material radioativo na pessoa, só porque a pessoa retornou temporáriamente para a casa na área de evacuação. E mesmo que mantenha contato com esta pessoa, não será contaminado com grandes quantidades de material radioativo (naturalmente, nem por “radioatividade” desconhecido)


Nós do team_nakagawa, por ser uma equipe de radioterapia, temos a tendência de  comparar este desastre nuclear com a exposição rafiológica médica. Porém, como já escrevemos antes em “Qual a diferença com a exposição radiológica médica”, na exposição radiológica médica há méritos e por outro lado, num desastre nuclear não há mérito algum.
Além disso, o desastre causa insegurança a muitas pessoas e traumatiza (principalmente as crianças).
Desejamos a convergência do desastre nuclear de Fukushima, o mais rápido possível.

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É o desejo de muitas pessoas que estão abrigados por causa do desastre. Muitos dos abrigados sofreram duplamente porque além de terem sido atingidos pelo tsunami, tiveram que evacuar às pressas, sem poder voltar à área a procura de familiares desaparecidos, que na época poderiam estar vivos aguardando por regate.
Ainda hoje, depois de 1 mês,  estão impedidos sair à procura dos corpos dos familiares...

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