terça-feira, 19 de abril de 2011

Sessão de Q&A da Revista “Nature” (Parte 2)

Sessão de Q&A da Revista “Nature” sobre o desastre nuclear da Usina Nuclear Daiichi de Fukushima

No dia 6/Abril, às 4:00hs da tarde no horário de de Londres, a Revista científica “Nature” (uma das mais antigas e conceituadas publicações científicas do mundo) realizou uma sessão de Perguntas e Respostas on-line, sobre o desastre nuclear da Usina Nuclear de Fukushima, com o Físico Ambiental Jim Smith
A Revista “Nature” tem dado cobertura especial sobre o desastre nuclear desde o início, sobre o desastre em si, os dados de medição local, além dos resultados das estimativas elaboradas por diversos órgão de diversos países e vem divulgando os comunicados de imprensa do Japão e dos órgão internacionais relacionados ao assunto. Toda essa cobertura estão aqui ⇒ http://www.nature.com/news/specials/japanquake/index.html
Desde o início, a Revista “Nature” na sua posição de revista multidiciplinar, tem de forma objetiva, feito coberturas e explanado em editoriais, baseados em números que vem sendo relatados a todo momento e em exmplos passados (como Chernobyl e etc.). Os artigos se baseiam na ciência, mas está escrito não só para os cientistas, mas para o público em geral. Nesta sessão de perguntas e respostas, a “Nature” responde às perguntas feitas pelo público, mas como as perguntas do chat passavam pelo modelador, as perguntas e repostas estão dispostas de forma legível e coerente. O chat original está qui ⇒
http://blogs.nature.com/news/thegreatbeyond/2011/04/japans_nuclear_disaster_live_q.html?WT.mc_id=TWT_NatureNews


Aqui está a Parte 1


Q&A (Parte 2)


Senkei Umehara comenta:  Qual a principal fonte de informação para vocês fora do Japão? Eu moro em Tóquio e sei que a imprensa estrangeira participa das conferências de imprensa, mas fiquei na dúvida, se as informações são atualizadas com freqüência.
GB:  Atualmente, as agências japonesas têm feito um bom trabalho de traduzir o material para o Inglês. E nos últimos dias as conferências de imprensa do Secretário-Chefe do Gabinete, Yukio Edano, também foram transmitidos com tradução em inglês. Então, fora daí nós temos muitas informações de fonte primária. Agora, quão confiável são estas informações, é uma outra questão ...


BO: Bom, tivemos também, muitas perguntas a respeito da segurança dos alimentos e do leite no Japão. Jim, você poderia nos dar a sua opinião a respeito?
JS: Como eu disse em minha resposta sobre a viagem - Eu acho que não haverá riscos significativos por ingerir leite contaminado, água e alimentos no Japão. Os níveis (de contaminação) na água são muito baixas, e as autoridades japonesas estão trabalhando arduamente para manter os produtos contaminados fora da cadeia alimentar. Entretanto, será um trabalho difícil, porque eles estão lidando também com terremotos e tsunami.
Eu não poderia afirmar que nenhum produto "contaminado" escapará da “rede” de checagem para circular no mercado, mas gostaria de enfatizar que mesmo que alguém venha consumir este produto, os riscos são muito baixos. Pois os limites* estão estabelecidos pressupondo que os produtos sejam consumidos nestes níveis, por um longo tempo. Então, se alguém comer produtos acima do nível, acidentalmente, não significa que seja uma dose de risco.


Drew Wright comenta:Seguindo em frente, como poderiam as instalações nucleares (especialmente em áreas propensas a terremotos) serem projetados de forma diferente para suportar a atividade sísmica?
GB: Muitos dos projetos mais recentes são supostamente Projetos "passivamente seguros", significando que, mesmo que a sala de controle seja completamente destruído ou incapacitado, o reator irá arrefecer-se por si só.
Eu acho que a questão muito mais difícil é como fazer os reatores já existentes, ficarem mais seguros. No caso de Fukushima Dai-Ichi, é evidente que a posição dos geradores diesel de backup em relação à costa (mar) era um problema. Imagino que as entidades reguladores em todo o mundo estarão revendo o número e o estado de vários sistemas de backup, para ver se eles podem ser melhorados.


Lizzie comenta: Existe alguma grande diferença no efeito da radiação por ter ingerido (peixes, algas) ou terem sido expostas externamente a ela?
JS: A principal diferença é que ele permanece em seu corpo por algum tempo se for ingerido. Isto é levado em conta nos modelos de risco. Por exemplo o Cs-137 é expelida do corpo depois de meses, enqunato que o I-131 é muito mais rápido.
Algumas pessoas também pensam que há um risco maior por causa da radioactividade que está dentro de você. Eu não concordo. A distinção entre os emissores estarem na parte "interna" ou "externa" é um pouco falso. Um raio-X ou raios gama externa causam a produção de elétrons de alta velocidade no corpo, da mesma forma como fazem os emissores quando estão na parte interna. São os elétrons de alta velocidade que causam a ionização, conduzindo potencialmente à danificação de DNA e ao câncer - não importando de onde são originários.


Chinju Park comenta: Se duram décadas, isso significa que a disseminação de materiais radioativos continuam durante esse tempo todo?
GB: Creio que o Jim também tenha opinião sobre isso, mas na minha opinião, não acho que precisamos nos preocupar com a contínua propagação da radiação. Pois por um lado, o combustível vai continuar a arrefecer nos próximos anos, e será muito menos perigoso do que está agora. Por outro lado, os engenheiros devem ser capazes desenvolver algumas medidas para reduzir a propagação de qualquer radiação que consiga escapar. Eu já vi por exemplo, que a TEPCO está pulverizando resina no local, para manter a poeira radioativa em baixo.
Isso não significa que não haverá um lançamento significativo no caminho adiante, mas no geral, a espectaiva é de que a radiação no local irá diminuir.
Jim nada a acrescentar?


JS: O Césio 137 permanecera no solo por um longo tempo (o seu período de semidesintegração são 30 anos). Eles não se espalham para muito longe – pequenas quantidades são espalhadas pelo vento e água. Como os reatores estão agora (felizmente) muito mais estáveis, o problema da radioatividade em relação ao solo, são sobre a radioatividade que já estão no solo.


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* Os limites provisórios estabelecidos pelo governo, foram calculados para "não ultrapassar o menor valor". Em outras palavras, os limites estão estabelecidos para evitar o menor risco.
Citando como exemplo o limite provisório para água ou leite para lactentes, mesmo que os lactentes venham consumir a água ou o leite dentro destes limites, não ultrapassará os 11,1mSv/ano. O mesmo raciocínio é aplicado nas verduras e outros produtos. Por isso, mesmo que as pessoas venham consumir esporádicamente ou acidentalmente os produtos, não estarão correndo sérios riscos.

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