segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sessão de Q&A on-line da Revista “Nature” (parte 1)

Sessão de Q&A on-line da Revista “Nature” sobre o desastre nuclear da Usina Nuclear Daiichi de Fukushima.


Talvez já seja do conhecimento de muitas pessoas, mas soube dessa sessão de Q&A através de um artigo de uma blogueira aqui do Japão. Aqui vai a tradução de algumas partes (não é na íntegra) de uma sessão de perguntas e respostas on-line, realizada pela revista "Nature".
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No dia 6/Abril, às 4:00hs da tarde no horário de de Londres, a Revista científica “Nature” (uma das mais antigas e conceituadas publicações científicas do mundo) realizou uma sessão de Perguntas e Respostas on-line, sobre o desastre nuclear da Usina Nuclear de Fukushima, com o Físico Ambiental Jim Smith.

A Revista “Nature” tem dado cobertura sobre o desastre nuclear desde o início, sobre o desastre em si, os dados de medição local, além dos resultados das estimativas elaboradas por diversos órgão de diversos países e vem divulgando os comunicados de imprensa do Japão e dos órgão internacionais relacionados ao assunto. Toda essa cobertura estão aqui ⇒ http://www.nature.com/news/specials/japanquake/index.html

Desde o princípio, a Revista “Nature” na sua posição de revista multidiciplinar, tem  dado coberturas e explanado em editoriais, de forma objetiva, baseados em números que vem sendo reportados a todo momento e baseados também em exmplos passados (como Chernobyl e etc.). Os artigos se baseiam na ciência, mas está destinado só para os cientistas, mas para o público em geral. Nesta sessão de perguntas e respostas, a “Nature” responde às perguntas feitas pelo público, mas como as perguntas do chat passavam pelo modelador, as perguntas e repostas estão dispostas de forma legível e coerente. O chat original está qui ⇒ http://blogs.nature.com/news/thegreatbeyond/2011/04/japans_nuclear_disaster_live_q.html?WT.mc_id=TWT_NatureNews
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Q&A (parte 1)

Brian Owens: Boa tarde, bem vindos ao Q&A sobre o desastre nuclear de Fukushima. O Físico Ambiental jim Smith da Universidade de Portsmouthe e o Geoff Brumfiel que é o Correspondente de CiênciasFísicas Sénior da Revista Nature responderão as perguntas.

BO: Para começar, tivemos algumas pessoas perguntando sobre a segurança dos que viajam para a região, inclusive alguém cuja filha está estudando no Japão, e também de pessoas viajando para a Coréia. Jim, você poderia nos dizer um pouco sobre os riscos de radiação para os viajantes?

JS: Não há nenhum risco significativo para viajar para países fora do Japão - é provável que você receba uma dose de radiação muito maior de raios cósmicos durante o vôo. Mesmo no Japão, os riscos da radiação são muito, muito baixa.Isto porque (1) produtos contaminados estão sendo mantidos fora da cadeia alimentar. (2) para além da área de, digamos 40-50km, não há um grande risco de radioactividade depositada. (3) o iodo radioativo, que está causando toda a preocupação no momento, a radioatividade está se decaindo e tudo isso desaparecerá dentro de algumas semanas. Eu estaria mais preocupado com a interrupção dos serviços e a ansiedade causada pelo terremoto, tsunami e de acidente nuclear.

BO: Obrigado Jim, espero que ajude a tranqüilizar os viajantes nervosos. Uma pergunta para Geoff, a Peggy pergunta no blog:... Existe alguma solução prática à prova de tufão e terremotos para se armazenar a água contaminada (água para resfriamento do combustível nuclear) necessária para resfriar o combustível? Quais são as possibilidades da água altamente contaminadas vazar ao ponto deles serem incapazes de manter a temperatura do combustível?

GB: Eis aqui duas perguntas que valeriam milhões! Infelizmente, eu não tenho certeza se alguém pode dar uma boa resposta no momento. A curto prazo, os engenheiros da usina estão planejando usar tanques de armazenamento já existentes, para armazenar água altamente radioativa. Para isso, vão liberar alguns milhares de toneladas de água contaminada com baixa radioatividade que estava no tanque, no oceano Pacífico. Estes tanques são, obviamente, à prova de terremotos e tufões no sentido de que eles resistiram ao gigantesco terremoto e tsunami recentemente. Mas eu não acho sejam uma boa solução a longo prazo.

GB: Em relação a segunda pergunta, é difícil prever o agravamento de vazamentos, em parte porque não sabemos qual a real extensão do dano dentro da usina. A TEPCO recentemente selou o pior vazamento (ao redor da unidade 2), mas eles admitem que podem haver outros vazamentos. Ainda assim, acho que vale ressaltar que nestes últimos dez dias, as condições dentro dos reatores parecem estar bastante estável.

Comentário da Zoey: Embora haja altos níveis de césio-137 e Iodo 131 na água do mar ao redor do Japão, muitãs pessas acreditam que não há motivo de preocupação devido à capacidade do oceano diluir o que foijogado nele. Você acredita que outros países devem se preocupar, ou você concorda que o oceano pode corrigi-lo?

JS: Sim, há enorme diluição da radioatividade no sistema marinho. Se com o tempo, qualquer contaminação atravessar o oceano ao ponto de alcançar outros países, mesmo que alcance (se, realmente alcançar), a concentração estará tão baixa, que não apresetará nenhum risco. A preocupação com o sistema marinho é principalmente em área localizada de Fukushima.

GB: Gostaria de complementar que, uma equipe francesa fez a modelação sobre isso, para a IAEA. Isto não responde necessáriamente a pergunta, mas dará noção de como o material radioativo se dispersará.

http://sirocco.omp.obs-mip.fr/outils/Symphonie/Produits/Japan/SymphoniePreviJapan.htm

Comentário da Sonny Trench: Mas os peixes contaminados não atravessariam o oceano?

BO: Boa pergunta, eu mesmo gostaria de saber...Jim?

JS: Realmente é uma boa pergunta. Não tenho a certeza de que espécie de peixes estão na região e também, em que medida eles poderiam migrar. Se eles estavam na região contaminada por um longo tempo (a radioatividade leva tempo para chegar até a cadeia alimentar aquática dos peixes) eles podem ficar contaminados. Durante a migração perderiam a radioatividade ao expeli-lo (o I-131 decairia), mas alguns Cs-137 podem permanecer. Eles terão que monitorar as espécies migratórias, se houver algum.

Comentário da Madgdeline Lum: Quanto tempo você acha que a situação Fukushima continuará como está? As principais mídias tem dado cobertura como se fosse um filme de catástrofe, e parecem estar perdidos quanto ao que fazer no momento e que não há uma conclusão previsível.

GB: Para ser justo com os meios de comunicação Madalena, eu acho que todos estão perdidos no moemento. A situação dos reatores são imprevisíveis e os próximos passos estão longe de serem claros. O que podemos dizer é o seguinte: a situação de Fukushima vai estar conosco por muitos anos. Primeiro, os reatores deverão ser colocados sob controle e depois terão ser limpos, que vai ser muito difícil ...

GB: Ainda hoje eu estava dando uma olhada sobre o acidente Windscale britânico que ocorreu em 1957. O cleanup (limpeza) ainda está em andamento. Three Mile Island levou 14 anos. Eu não tenho certeza se Fukushima se encaixa, mas vai levar mais de uma década. Provavelmente muitas décadas.

Sobre os peixes migradores novamente. Havia uma preocupação semelhante sobre as aves migratórias depois de Chernobyl. Que eu me lembre, a radioatividade em aves migratórias foram medidas em países distantes de Chernobyl, apesar disso, que eu saiba, não causou problemas para a cadeia alimentar.

Cont..

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