sábado, 30 de julho de 2011

Saibam o que é uma Usina Nuclear

Quero que saibam o que é uma Usina Nuclear

Texto original em japonês, do autor Norio Hirai.

1.         Eu não sou nenhum ativista de movimento anti-nuclear

     Eu não sou nenhum ativista de movimento anti-nuclear. Eu trabalhei por durante 20 anos numa usina nuclear.
     Existem muitas discussões sobre a usina nuclear, entre os que são a favor, dos que     dizem que é perigoso ou que é seguro etc., mas eu vou lhes dizer [a usina nuclear é assim], sobre a usina por dentro, que a maioria de vocês não conhecem. E, quando vocês lêrem até o final deste, notarão que uma usina nuclear não é bem o que vocês imaginam e que todos os dias as usinas estarão gerando vítimas de exposição à radiação e as consequentes discriminações graves.
     Talvez sejam coisas que ouvirão pela 1ª vez. Por favor, leiam até o final para tirarem as suas conclusões e decidir o que fazer com as usinas nucleares. Há muitas pessoas que falam a respeito do projeto de uma usina nuclear, mas não há quem fale sobre a sua construção. Porém só se sabe da verdade, conhecendo o lugar.
      Sou especializado em canalizações de grandes plantas (usinas) e de indústrias químicas. Fui recrutado pouco antes do 30 anos para a construção de usina nuclear. Se eu fosse um trabalhador qualquer, não saberia de muita coisa, mas como trabalhei durante muitos anos como supervisor de obras, conheço quase tudo de uma usina nuclear.

2.         [Segurança] não passa de teoria.
    
     Depois do grande terremoto de Hanshin no ano passado (1995), aumentou a preocupação do povo em relação a [destruição da usina nuclear causados pelo terremoto].  Se realmente a usina nuclear está seguro em relação ao terremoto. No entanto, nunca estará seguro. A nação e as companhias eletricas dizem que está seguro, considerando-se o projeto à prova de sismos e o fato das usinas estarem construídas sobre rochas duríssimas, mas isso não passam de teorias.
     No dia seguinte deste grande terremoto, fui a Kobe e parei para refletir porque haviam semelhanças demais com uma usina nuclear. Creio que até então, ninguém pensou ou imaginou que os trilhos do Shinkansen iriam cair e que as autoestradas iriam tombar para o lado.
     O público em geral pensam que na construção de usinas nucleares, trilhos de Shinkansen e de autoestradas são realizados inspeções rigorosas pelas autoridades de responsáveis pela inspeção. Porém, nos destroços dos pilares do trilho de Shinkansen, foram encontrados pedaços de madeiras dos moldes misturados no concreto, além de terem sido notados defeitos de penetração da solda na soldagem da estrutura de aço dos pilares da autoestrada. Aparentemente, pareciam estar soldado, mas a soldagem estava sem efeito e a parte da soldagem estavam totalmente soltas.
     Porquê aconteceu este tipo de coisa? É porque a princípio, deram importância somente às teorias do projeto e a gestão da construção no local foram neglicenciadas. Por mais que não tenham sido as causas dirretas, acontecem desastres desta natureza.

3.        Usina nuclear feito por leigos.

     Mesmo em usinas nucleares, acontecem muitos - até demais - acidentes causados por erros humanos como por exemplo: tubulações conectadas com materiais ou ferramentas esquecidos dentro das tubulações, arame caído dentro do reator e etc. Isto acontece porque são poucos profissionais experientes ou especialistas presentes no local, por isso, por mais que o projeto em si seja muito bom, não são construídos exatamente como foi projetado.
     Na discussão sobre o projeto teórico, o requisito absoluto é a construção executada pelos melhores profissionais ou os chamados artesões qualificados. No entanto, nunca foram discutidos sobre as qualificações das pessoas que estão lá na obra construindo, nem tampouco, qual a situação do canteiro de obras ou do local da construção.
     A realidade é que tanto as usinas, quanto as obras de construções, são construídas por trabalhadores e inspetores, todos leigos, por isso não há nenhuma surpresa se acontecer um desastre envolvendo uma autoestrada, usina ou Shinkansen.
     Os projetos de usinas nucleares do Japão são excelentes, pois são duplamente, triplamente multi-protegidos e são projetados para desligar (parar) quando ocorrer problema em algum lugar. Mas isto é até a etapa sobre o papel (projeto). Quando chega na etapa da construção, começa a bagunça.
     Por exemplo, na hora de construir a sua própria casa, por mais que a casa seja projetada por um excelente arquiteto, se os carpinteiros e os pedreiros que você contratar não forem capacitados, poderá haver vazamento da água de chuva no telhado ou quem sabe, desajustes nas portas e janelas e etc. Infelizmente, esta é a situação das usinas nucleares do Japão.
     A algum tempo atrás, numa obra de construção sempre havia um líder, o chamado capataz de obra, com vastas experiências adquiridas ao longo do tempo e com mais conhecimentos do que um supervisor de obra jovem. Estes especialistas com muito orgulho no seu trabalho, consideravam os acidentes/dasastres e a omissão das partes cruciais como uma desonra, além de saber muito bem a desgraça de um desastre. Mas de 10 anos para cá, os capatazes desapareceram dos canteiros de obra. Estão recrutando leigos sem experiência. Os leigos não sabem o que é ter  medo de um acidente. Trabalham sem nenhum conhecimento do que é omissão das partes importantes e nem sabem o que é ou como é uma obra defeituosa. Este é a realidade da usina nuclear.
     Por exemplo, na usina nuclear de Fukushima da Companhia de Energia Elétrica de Tóquio (Tepco), o reator entrou em funcionamento sem se dar conta de que tinha um arame caído dentro do reator. Por pouco teria sido um gravíssimo desastre envolvendo o mundo inteiro. A pessoa que deixou cair, sabia que o arame estava lá, mas não tinha noção da gravidade do desastre que poderia ter causado. Nesse sentido, uma usina nuclear envelhecido (deteriorado) é perigoso, mas as novas usinas construídas por leigos também é perigoso da mesma forma.
     Depois que diminuiram o número de profissionais nas obras, as obras foram manualizadas, ou seja, especificadas em manuais. A “manualização” não significa construir olhando os desenhos. Significa que uma determinada parte é montada em fábricas e estes são levadas ao canteiro de obras para serem montadas, por ex: montar o No 1 com o No 1, o No 2 com o No 2 e etc., como se fossem bloquinhos (blocos de construção). E desta forma constróem sem saber o que está fazendo no momento, sem saber se está fazendo algo importante, ou seja, constróem sem noção algum do que estão fazendo. Este é uma das causas de terem aumentado a incidência de acidentes e defeitos.
     Além disso, uma usina nuclear é sempre acompanhado de problemas relacionados à exposição das pessoas à radioatividade, que impede o treinamento de um sucessor suficientemente habilitado como em outros tipos de trabalhos. O ambiente de trabalho de uma usina nuclear é escuro e quente, é um lugar onde não se pode nem conversar porque tem que ser usado uma máscara de proteção, por isso a comunicação é feita através de mímicas. Desta forma é difícil ensinar as técnicas adequadamente. Ainda por cima, quanto mais a pessoa for expert, alcançam mais rápidamente a dose admissível de radiação ao ano, sendo impedido de entrarem no ambiente. Por isso mesmo, acabam aceitando os leigos.
     Por exemplo: No caso de um soldador, poderão ter visão afetada e ao passar dos 30 anos, ficarão debilitados sem poder executar trabalhos minunciosos. Consequentemente, se for trabalhador de uma usina de petróleo, onde há muitos trabalhos minunciosos, já não poderão trabalhar. E daí, se tiver uma oferta de trabalho numa usina nuclear, acabam indo mesmo que a diária diminua um pouco.
     Vocês podem estar equivocados de alguma forma ao pensarem que uma usina nuclear seja uma coisa tecnológicamente sofisticada, mas não é tão sofisticado assim.
     Por isso, pelo fato das usinas nucleares serem construídas por leigos, futuramente as usinas se tornarão incontroláveis.  

4.        Inspetores e Inspeção nominal

     Há pessoas que dizem que não haverá problema algum se as inspeções forem rigorosas, mesmo que os profissionais experientes na construção de usina nuclear desapareçam. Mas o grande problema é este sistema de inspeção. A inspeção no Japão só inspeciona o que já está pronto – e não deveria ser desta forma. O importante numa inspeção é ver o processo de construção.
     Por ex: se for no caso de soldagem, o inspetor teria que ter habilidade suficiente  ao ponto de demonstrar pessoalmente como se faz a soldagem - “Não é assim, observe bem, é assim que se faz a soldagem” – se não, não é uma inspeção adequada. Um inspetor desta natureza, sem nenhuma habilidade, não conseguirá fazer uma inspeção correta. A realidade hoje, é que as inspeções realizadas pelas autoridades de inspeção, simplesmente, ouvem as explicações das fabricantes ou das construtoras, para dar a aprovação se tiverem apresentado os documentos necessários.
     Quando começaram a aconter acidentes em usinas nucleares com frequência, decidiram na reunião de gabinetes, a colocação de um inspetor especialista em gestão de operação em cada usina nuclear. São oficiais do governo que dão a autorização de funcionamento às usinas nucleares recém-construídas ou pós inspeção (inspeção periódica). Eu sabia que estes oficiais do governo eram leigos, mas não sabia que eram tão ruins.
     O que quero dizer, é o seguinte. Quando estava palestrando em Mito (Província de Ibaraki), uma pessoa que se identificou como funcionário da Agência de Ciência e Tecnologia fez um pronunciamento dizendo: “É até vergonhoso, mas somos totalmente leigos”. Ele disse ainda, “Nós nunca deixávamos nossos funcionários irem ao local, porque seriam expostos à radiação. E como sabíamos que tinham oficiais do governo sobrando no MAFF (Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca) por causa da reforma administrativa, as pessoas que ontem estavam orientando sobre sericicultura (criação do bicho de seda), ou sobre criação de atuns de rabo amarelo, no dia seguinte estavam sendo designados a assumirem o cargo de inspetor especialista. Estas pessoas totalmente leigas, na função de inspetor especialista de usinas nucleares, deram a autorização de funcionamento. O inspetor da usina nuclear de Mihama, até 3 meses antes, trabalhava inspecionando arroz.” E ele nos contou isso dizendo os nomes destes oficiais. Como podemos confiar na autorização de funcionamento de uma usina nuclear, dado por uma pessoa totalmente leiga.
      Quando aconteceu um acidente grave na usina nuclear de Fukushima, que acionou a ECCS (Sistema de resfriamento de emergência do núcleo do reator), o jornal Yomiuri divulgou “oficial especialista local, é um estranho no ninho”. Esta pessoa soube do acidente grave ocorrido na usina nuclear que era de sua responsabilidade, somente no dia seguinte, através de jornais. Porque o oficial não sabia de nada? Isto aconteceu porque a companhia elétrica sabia muito bem que o oficial era totalmente leigo e que no meio daquela confusão toda, como se estivessem no meio de um incêndio, eles não teriam tempo para explicar um por um, o que estava se passando, como se fosse explicar a uma criança, por isso deixou o oficial largado sem deixar entrar no local do acidente. Por isso o oficial não sabia de nada.

 

5.        Projeto à prova de sismos malfeito
6.        Obras de inspeção periódica executada por leigos
7.         Fluxo constante de radioatividade para o oceano
8.       A exposição interna é a mais perigosa
9.        Ambiente de trabalho totalmente diferente dos normais
10.    Lavagem celebral de 5 horas para ensinar a [segurança absoluta]
11.     Quem irá salvar?
12.    O susto da ruptura nas tubulações da Usina nuclear de Mihama.
13.    Desastre grave na Usina Monju
14.    Plutônio japonês usado em armas nucleares da França?
15.     O Japão não tem coragem de interromper no meio do caminho
16.    Usina nuclear que não pode ser desmontada e nem desativada
17.     Monitoramento e gerenciamento [Fechado]
18.    Lixo nuclear sem esperanças
19.    Exposição dos moradores e a discriminação horrível
20.   [Eu posso ter fihos? Mesmo que eu fique sem energia nuclear, eu não quero usina nuclear]
21.    Não se pode tranquilizar enquanto existir a usina nuclear.

OBS: O texto traduzido estará sujeita à correções.  Tem o nome de uma Associação na  parte que ainda está por ser traduzida, que precisa ser confirmada, pois a sua existência é duvidosa.
Estarei oucpada por alguns dias, por isso, assim que puder, traduzo o restante.

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