O valor de referência provisória estabelecida pelo governo em relação à quantidade de exposição permissível para as crianças, de 20 milisieverts anuais, vem causando muitas polêmica em Fukushima.
Os pais estão reivindicando a diminuição do valor de referência, por considerar muito alto o risco de expor as crianças a este teor de radiação. Visto que, há casos confirmados de aumento de carcinogênese em crianças que se exporam à radiação, principalmente o caso do câncer da tireóide que tiveram aumento notável pós desastre nuclear de Chernobyl.
Segundo o Dr. Ira Helfand MD, o risco de uma criança ter câncer no futuro ao se expor à radiação, é de 2 a 3 vezes maior do que o risco de um adulto.
O valor de 20 milisievert que é igual ao limiar estabelecido para um funcionário que trabalha em intalações nucleares dos EUA, para uma criança é muito alto.
No blog abaixo, há um vídeo onde o Dr. Ira fala a respeito do problema (inicia aos 27 minutos do video) http://yanaseyosuke.blogspot.com/2011/04/ira-helfandyoutube.html
Num documento do próprio Ministério da Educação, diz que a dose de 0,2 microsievert/hora dentro do corpo tem o mesmo impacto de uma dose de radiação de 100 milisievert na parte externa do corpo. O que indica a gravidade da situação das crianças de Fukushima.
Apesar de terem sido comunicado às escolas para não executarem atividades externas em todas as escolas com radiação notadamente altas, não é uma medida suficiente, pois o solo está contaminado, deixando as crianças à mercê da radiação.
A administração pública atrasou-se bastante em termos de coleta de informações como a medição da radiação no ambiente escolar, o que tem deixado os moradores, os pais principalmente, muito preocupados, por não saberem ao certo, quanto os seus filhos já se exporam, além de não se saber a quantidade acumulada no corpo.
Muitos pais compraram os medidores de radiação por conta própria e se uniram fazendo medições em locais onde as crianças costumam manter as atividades, como no pátio das escolas, nos parques e no caminho da escola. Alguns enfrentaram dificuldades por terem sido impedidos pelas escolas de efetuar a medição dentro do pátio, mas que depois de muita insistência conseguiram convencer os professores e a administração municipal em realizar as medições.
Alguns especialistas tem sugerido a imigração das crianças e grávidas o mais rápido possível, o que já foi iniciado em algumas cidades. E para os que permanecem na cidade, sugerem o uso do crachá medidor de radiação (que os profissionais da área utilizam) pelas crianças que permanecem nas áreas de risco. Pois com este crachá poderia ser feito o acompanhamento do acúmulo de exposição à radiação, assim como a conscientização das próprias crianças para se prevenirem contra a radiação.
Estão sendo polêmicos os valores de referência em em termos de produtos alimentícios também, principalmente por causa da exposição interna que ocorrem quando o material radioativo é ingerido.
O grande problema é que neste valor de referência estabelecido de 20 milisievert anuais, não está incluído a exposição interna e leva em conta somente a exposição externa. No dia-a-dia, as crianças estão se alimentando e não se pode dizer que não há radiação na comida, principalmente porque a matéria-prima usado na refeição escolar é produzida lá mesmo em Fukushima.
As escolas e creches tem trabalhado bastante para tentar diminuir a exposição à radiação, fazendo a retirada do solo e das gramas contaminadas dos pátios, além de lavar o prédio inteiro das escolas e creches na tentativa de reduzir o material radioativo que estejam colados nas paredes externas.
A alegação do governo é que o valor foi estabelecido relativamente alto, por estarem numa emergência e que pretendem diminuir o valor de referência, aos poucos. Também a alegação do governo é que o valor máximo é 20 milisievert/ano, mas não significa que podem expor as crianças a tal teor e que quantos menos for, melhor.
Só que pelo ponto de vista da administração municipal e das escolas, se o valor máximo é 20, é porque o governo julgou ser seguro para as crianças. E com isso ficam de mãos atadas sem poder tomar medidas como o afastamento das crianças para áreas menos contaminadas.
E nessas interpretações diferentes entre as partes, quem fica "suspenso no ar" sem saber o que fazer, são os pais.
As famílias que têm condições financeiras, trataram de afastar as crianças de Fukushima, mandando-0s para outras áreas menos contaminadas ou até mesmo para outras províncias.
A grande maioria que não tem para onde correr, permanecem em Fukushima enfrentando o medo diáriamente, sentindo a insegurança em relação ao futuro de seus filhos. Muitos deles desconfiam que o governo não quer diminuir o valor de referência, pois muitos logo atingirão o limiar e com isso terão que admitir a imigração das crianças e grávidas e consequentemente terão que arcar com todas as despesas imediatas, além de indenizações futuras.
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