Mudanças na forma de confrontar com as "informações" após catástrofe do terremoto e a crise nuclear.
Vocês conhecem a palavra "Evacuação materna*"?
* Na época da segunda guerra mundial, muitas famílias optaram pela "evacuação materna", ou seja, evacuaram as mães juntos com os filhos, para uma região distante da área crítica, para proteger as mulheres e as crianças dos bombardeios durante a guerra.
O desastre nuclear ocorrido na usina nuclear Dai-ichi de Fukushima, até hoje vem liberando material radioativo ao meio-ambiente.
Atualmente, a "Evacuação materna" se referem às mães e filhos que migram para fora da área crítica temporáriamente, para outras cidades, para evitar os impactos da radioatividade. A maioria são mães que têm filhos lactentes ou pequenos, que se sentem inseguras em relação à contaminação radioativa. São mães que moram na região periférica de Tóquio e do nordeste do Japão (principalmente Fukushima e províncias adjacentes).
Estão migrando principalmente para as regiões de Kansai e Hokkaido, ou seja, para regiões onde os impactos da radioatividade são relativamente pequenas. Há casos até de pessoas mudando para o exterior, rumo a EUA e EU.
Não se posso deixar de comentar que muitos brasileiros resolveram retornar ao Brasil depois do grande terremoto e desastre nuclear...
Após o desastre nuclear, há muitas prefeituras regionais de diversas províncias e NPOs (Organizações sem fins lucrativos) que estão oferecendo assistências às mães e já existem vários Sites na internet apoiando a Evacuação materna.
As mães já não acreditam mais nos jornais e TV
Hoje, as pessoas que estão mais sensíveis às informações relacionados aos materiais radioativos e usina nuclear, que estão superaguçadas em relação a autenticidade das informações talvez sejam as mães citadas acima.
Para proteger a vida de seus filhos, elas estão atentas às informações para o distinguir o que é seguro e o que é perigoso, selecionando e coletando informações úteis em meio a vasta quantidade informações veiculados nos jornais, televisões, revistas e internet, compartilhando posteriormente na rede de informações das mães amigas (as chamadas Mama-tomo).
Só que últimamente, estas mães já não estão mais procurando informações nos jornais, tvs ou revistas. Agora o alvo delas para coletar as informações é a internet.
Elas compartilham informações do tipo: em que site podem encontrar informações úteis e inclusive, se as informações são confiáveis ou não, ou sabem até mesmo quais são os sites de Professores de universidade com conhecimento aprofundado em radioatividade, de ex-engenheiros de usina nuclear, de pessoas que estão fazendo levantamento independente sobre a radioatividade e etc.
É claro que não são poucas as informações veiculadas na internet que são de origem duvidosas e demagogas. Mas mesmo assim, as mães coletam as informações e selecionam as úteis. Elas decidem acreditar ou não nas informações avaliando-as por diversos ângulos, usando a rede de informações de mães amigas e SNS como a Mixi etc.
E por consequência, tem sido notado a diminuição do grau de dependência em relação às informações divulgadas nos jornais, tvs e a mídia em geral. Pois mesmo que um jornal divulgue alguma infromação de primeira mão, elas já estão com a mania de conferir como poderiam avaliar tal informação, sem aceitar as informações ao pé da letra como é divulgado.
Avaliam as informações, sem aceitá-las ao pé da letra como é divulgado
Crescimento notável na literácia das informações.
Se tudo isso fosse antes do apareciemento das nets, talvez elas decidissem como agir, dependendo das informações veiculadas nos jornais e noticiários da TV. A mudança na postura de aceitação das informações é muito interessante.
A algum tempo atrás, quando apareceu a internet, havia um professor de universidade que apontava que heveria a reversão do equilíbrio entre a oferta e a demanda das informações, por causa da imensidade de informações geradas na internet. Ou seja, que estaria chegando a era em que haveriam muito mais oferta de informações do que nós pudéssemos consumir num dia. E que seria cobrado a escolha da pessoa, sobre [que informação colher e quais o que deveriam desconsiderar]. Isto é, que haveria uma grande mudança no modo da pessoa confrontar-se com as informações.
Por exemplo, antes da internet, procurávamos as informações em mídias limitadas como os jornais, tvs e revistas. Provávelmente as quantidades de informações estavam dentro de nossas capacidades de consumí-las, além de que pouquíssimas pessoas (exceto os especialistas) teriam meios de avaliar ou comparar a informação por diversos ângulos.
No entanto, com o aparecimento da internet, esta situação mudou completamente, pois agora, qualquer pessoa pode comparar e avaliar as informações.
Digamos que um determinado artigo com uma determinada opinião seja divulgado nos jornais, ao procurarmos as informações sobre o assunto na internet, logo encontraremos diversos comentários a favor ou contra este artigo. Isso permitirá que o próprio leitor compare as opiniões escrito no artigo, com as opiniões dos comentários, para se certificar de sua própria opinião.
As mídias existentes não são perfeitas. As pessoas procuram pontos de vistas diferentes na net para depois organizar os seus próprios raciocínios. A forma de aceitação das informações com certeza está mudando.
O ponto de virada causado pela catástrofe do terremoto e a crise nuclear
Pode-se dizer que a catástrofe e a crise nuclear deu um empurrão para dar o próximo passo à mudança. Pois não parou na simples avaliação das informações, e agora está pressionando até a [ação].
Por exemplo, digamos que tenha sido veiculado a seguite notícia:
[Foram detectados substâncias radioativas na água encanada, acima do limiar estabelecido] e que os jornais, noticiários de tv e revistas repetem os comentários onde dizem:
[O governo diz que não há impacto imediato à saúde].
Numa hora dessa, como você interpretaria a informação e como agiria?
Na internet são encontradas as opiniões que dizem ser [seguros] e outros que dizem ser [perigosos] , e mesmo que você leia todos eles, não chegaria a resposta alguma.
No final das contas, você mesmo tem que decidir se acredita ao pé da letra, fielmente, nas palavras do governo e continua a consumir água encanada ou se continua a comprar água mineral para o seu consumo. Para se tomar uma decisão é necessário procurar as informações desesperadamente.
Não é somente a questão da água potável, o alimento, a moradia... Quem mais sofre com essa realidade são as mães com os seus filhos pequenos.
O movimento de manifestação de independência
Em que informação devemos acreditar e como devemos agir.
Até então nós talvez nunca enfrentamos situação como esta, no qual somos pressionados a escolher as informações independentemente.
Na realidade, este trabalho de selecionar as informações é muito cansativo. Pois temos que ter um padrão estabelecido para determinar quais as informações corretas e quais as incorretas, para tomar a decisão da escolha.
No entanto, ninguém nos protegerá. Numa hora como esta de crise nuclear que não se resolve, nos é exigido - a cada um de nós - a tomar decisões através da seleção de informações.
É claro que este movimento levará à mudança, na forma como as coisas são veiculadas pela mídia.
A catástrofe do terremoto e a crise nuclear mudou a nossa forma de confrontar com as informações. Provávelmente, não podemos mais volta a trás.