segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tóquio na noite do grande terremoto de 11 de março...

O número de pessoas que ficaram com dificuldades de retornarem para as suas casas naquela noite, está estimado em cerca de 300 mil pessoas. A suspensão dos serviços ferroviários e transporte coletivo, além da falta de meios de comunicação fez com que muitos ficassem aflitos em saber como se encontravam os seus familiares, o paradeiro dos filhos que estavam nas escolas, etc. Por isso, muitos - cerca de 30 % - tentaram voltar para as suas casas à pé, causando congestionamentos intermináveis nas calçadas e também ruas congenstionadas com carros, dificultando até o trânsito de ambulâncias. Os demais permaneceram em algum abrigo improvisado pelas comunidades locais, lojas de departamentos, hotéis e etc., outros chegaram até o meio do caminho e também se abrigaram em estabelecimentos comerciais que ficaram abertas à disposição. Alguns permaneceram nos próprios locais de trabalho.

Apesar das comunidades locais terem os abrigos predetermindados, preparados com cobertores e um pouco de mantimentos, básicamente são para atender os membros da comunidade local. Não sendo suficiente para abrigar tanta gente que ficaram desabrigados naquela noite.

Segundo algumas análises feitas sobre o que aconteceu naquele dia, ficou evidente a falta de preparo do povo que trabalham numa Metrópole e a falta de preparo das empresas que os empregam, para enfrentarem uma emergência como a que aconteceu, mesmo existindo a previsão de Tóquio se tornar o epicentro de um terremoto de grande escala, num futuro próximo. 
Ficou nítido o despreparo  e o risco que as pessoas podem correr ao tentarem se deslocar para fora da metrópole. Pois muitos tomaram caminhos passando por áreas residenciais concentradas, onde se tivesse acontecido algum incêndio, poderiam causar transtornos no trânsito de ambulâncias e bombeiros, além de correrem o risco de serem  envolvidos no incêndio.

Estas atitudes tomadas pelos desabrigados da metrópole poderá vir a ser um grande risco no futuro, pois os que conseguiram chegar em suas casas à pé ou de bicileta, podem se achar confiantes em tomar a mesma atitude, sem pensar no risco que poderá correr no meio do caminho.
Além disso, o mais perigoso nessa atitude é da pessoa se perder no mundo, sem ter como procura-la caso venha acontecer o pior - a não ser que esteja on-line por net ou por telefone móvel com GPS, informando a toda hora a sua localização. 

Ficou evidente a necessidade das empreas  prepararem seus funcionários e ao mesmo tempo,  promover o entrosamento das empresas com a comunidade local onde está está instalada a empresa. Além de haver a necessidade rever os sitemas de prevenção, adicionando os itens como:
  -  o estabelecimento de novos locais de refúgio, preparados com o mínimo necessário e também   
  -  o estabelecimento de normas nas escolas públicas para atender as crianças possívelmente desabrigadas e desamparadas.
O primeiro evitaria o deslocamento precipitado e muitas vezes perigoso e o segundo, tranquilizaria os pais por saberem onde os filhos estão amparados. 

Um outro ponto importante, é o preparo dos familiares em termos de prevenção e as atitudes pós-terremoto. Orientar os filhos sobre onde devem ficar ou para onde devem se dirigir na ausência dos pais, a quem procurar etc. Marcar os pontos de encontro, os meios de contato, como e-mail ou o serviço de mensagem por telefone na calamidade e etc.
O entrosamento dentro da própria comunidade onde mora também é extremamente importante.
Em fim, escrever, comentar sobre o que devemos fazer numa hora de emergência é muito fácil.
O difícil é pôr em prática.
Pois na hora do "pega", por mais que estejamos preparados, dá o branco total e só temos tempo de nos proteger e proteger os filhotes e sair para um lugar seguro... experiência própria...
Bolsas com mantimentos? Roupas?? ficam tudo pra trás. Voltamos para pegar depois que acalmar os tremores...
Por esta última experiência, passei a deixar uma muda de roupa para cada fihote, fraldas, absorventes, água e alguns biscoitos dentro do carro...
(o duro é que alguns oportunistas não podem ver uma bolsa dentro do carro, porque são capazes de arrombar para roubar....)



terça-feira, 24 de maio de 2011

Japão - Comité de Supervisão do Governo Câmara dos Conselheiros - 1

Como um memo do que vem acontecendo ultimamente no Japão, taduzi aqui, parte da explanação das testemunhas que foram chamados a depor no último dia  23/05 na Câmara dos Conselheiros - Comité de Supervisão do Governo. Onde foram realizados os debates sobre:
[Monitoramento do governo, avaliação e investigação de denúncias contra a administração pública (Sobre a existência de um Sistema de monitoramento do governo e o desastre nuclear) ] .

As Testemunhas convocadas pelo Comité de Supervisão do Governo foram: 
Hiroaki Koide - Professor Adjunto da Instituto de Pesquisa do Reator Nuclear, Universidade de Kyoto.
Masashi Gotou - Docente do Instituto de Tecnologia de Shibaura.
Katsuhiko Ishibashi  - Professor Emérito da Universidade de Kobe.       
Masayoshi Son - CEO da Softbank        
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Pronunciamento do Prof. Koide:
   Eu segui os estudos na Engenharia Nuclear porque tinha sonhos em relação à energia atômica, mas no decorrer dos estudos e pesquisas, percebi como a energia nuclear é um recurso pobre. Em termos de recursos não regeneráveis, temos o carvão que tem a maior reserva, o gás natural, petróleo, areias betuminosas e etc., se pudéssemos utilizar ao máximo a reserva de carvão, poderíamos usá-lo por até 800 anos. Pensei que a energia nuclear poderia substituir os combustíveis fosseis que logo iriam se esgotar, mas ao comparar as reservas, a reserva do urânio não passa de 10% do carvão.  
   Os pro-energia nuclear dizem que não estão interessados no Uránio físseis mas sim, interessados no Plutônio! Ou seja, querem utilizar o Uránio fissionável transformando-o em Plutônio para gerar energia. De qualquer forma, precisam explorar o Uránio, que serão enriquecidos através do seu processamento, queimados no reator nuclear e que numa determinada fase são transformados em Plutônio que servirá como energia nuclear.
   Com esta concepção, os pró-energia nuclear querem construir Reatores nucleares do tipo [Reator Reprodutor Rápido (Fast Breeder Reactor)] é lá reproduzir rápidamente o Pu para usar como energia, que posteriormente será reciclado para continuar usando como fonte de energia. No final das contas será gerado o lixo nuclear altamente nocivo que terão que ser eliminados de alguma forma, futuramente.
   A realidade é que o plano de construção do  [Reator Reprodutor Rápido (Fast Breeder Reactor)] foi se desmoronando, e vou explicar o porquê. De acordo com o Plano, a contrução do Reator Reprodutor Rápido seria realizado nos anos 80, mas não conseguiram. Adiaram para 1990, que cinco anos depois foi replanejado e adiado para o ano de 2000, posteriormente adiado para 2010 com meta de concretização e depois veio a meta de que querem estabelecer o sistema tecnológico na década de 2020, adiando no final das contas até 2050. Em suma, a meta de 10 anos futuros são adiados por sua vez por mais 20 anos e assim sucessivamente, sem que os responsáveis por este projeto sejam responsabilizados por este fracasso.
   Eu acho que o mundo de energia nuclear é um mundo anormal que despeja muito dinheiro, é tanto dinheiro que, se na legislação atual uma pessoa que comete um fraude de 1 bilhão de ienes tem que cumprir 1 ano de prisão, os responsáveis pela Central Nuclear de Monju – supondo-se que sejam 100 pessoas – cada um deles teriam que cumprir a pena de pelo menos 100 anos de prisão. Mas até o momento ninguém foi responsabilizado por esta situação.
   Em relação ao acidente em Fukushima, como já devem saber uma usina nuclear trabalha com uma grande quantidade de radioatividade. Em Hiroshima por exemplo, foram queimados 800g de Uránio que queimou práticamente a cidade inteira. Numa usina nuclear funcionando durante 1 ano, queima 1 tonelada de Uránio. Isto é, uma usina nuclear funciona utilizando toda essa quantidade de material radioativo ou material físsil gerando mais materiais radioativos.
   Uma usina é uma máquina, que é vulnerável à defeitos. É mais do que normal haver problemas no seu funcionamento. Mas o que os pró-nucleares fizeram para prevenir contra um eventual acidente? Eles disseram que difícilmente acontecem acidentes catastróficos e por isso é uma incoerência considerar uma hipótese dessa natureza. Simplesmente desconsideraram e puzeram de lado dizendo que era um pressuposto impróprio.
   A justificativa de que não acontecem acidentes catasfróficos, tirados da HP da  Chubu Electric Power (vide os mecanismo para selar o material radioativo em inglês )  é porque existem barreiras múltiplas para evitar o vazamento do material radioativo. Dentre estas barreiras, a mais importante seria a 4ª barreira que é contenção do reator que é um imenso recipiente de aço que manterá o material radioativo confinado em quaisquer situação. Isto é, por ter sido presumido que uma conteção nunca seria danificado, consequentemente a hipótese de um acidente catastrófico foi julgado impróprio. No entanto, aconteceu e continua em progresso ainda. E as medidas tomadas pelo governo vem sendo inapropriados.
   Os fundamentos de Prevenção é superestimar, é imaginar a pior das hipóteses, é superestimar para preparar as contramedidas e proteger a população.  Se não acontecer o pior, pelo menos poderão dizer que não pôs a população em risco. Mas o que o governo vem fazendo até agora é subestimar o acidente, tomando atitudes com visões otimistas.   
   Inicialmente, o nível do acidente pela avaliação internacional de acidentes era nível 4, sem mudar por um longo tempo, e depois de muito tempo, aumentou de uma vez para o nível 7.
   A mesma coisa pode ser dito em relação à evacuação dos moradores da região adjacente. Evacuaram priemiramente os moradores do raio de 3 km e alegaram que eram medidas de segurança “para qualquer eventualidade”, depois ampliaram para 10 km alegando o mesmo, depois aumentaram para 20, 30...
    Na minha concepção, a única forma de evitar o pânico é divulgar a informação correta para obter a confiança do povo. O que o governo japonês não tem feito. Sempre escondem as informações e as condições críticas. Até mesmo o SPEEDI* foi omitido, não divulgando aos moradores. Além disso, aumentaram o nível admissível de radiação dos trabalhadores sem ao menos esclarecer de quem é a responsabilidade e está impondo risco aos trabalhadores que estão lá batalhando. O governo aumentou também o nível em relação aos moradores da região.
   Fico perplexo só em imaginar a grandesa dos danos causado por este acidente. Isto porque que fossem aplicados as Leis vigentes, talvez houvesse necessidade de abrir mão de toda a região de Fukushima. Para evitar isto, não havia outra opção a não ser aumentar o nível admissível de radiação dos moradores para que eles possam continuar morando lá. Um duro golpe para a agricultura e a pesca, além da vida dos moradores que tendem a ser destruídos ao perderem a sua terra natal. Pos mais que a Tepco indenize, não será suficiente nunca. A Tepco poderá falir por várias vezes mas nãp conseguirá indenizar tudo. Talvez nem que o próprio país vá a falência, conseguirá indenizar tudo, se é que realmente pretendem indenizar tudo.
   Finalizo citando os 7 pecados sociais, segundo o Gandhi. As paçavras estão lapidados no túmulo dele.
Peço aos senhores que estão aqui, que são políticos, que reflitam sobre a 1ª palavra.
        1. Política sem princípios
       2. Riqueza sem trabalho
       3. Prazer sem consciência
       4. Conhecimento sem caráter
       5. Comércio sem moralidade
       6. Ciência sem humanidade
       7. Colaboração sem sacrifício
A palavra se encaixam à Tepco e demais empresas similares, o 6ª ao mundo acadêmicos a que estou incluído, cientistas que estiveram totalmente empenhados na potência nuclear, e o último,  àqueles que tem as suas crenças religiosas.
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Este debate não foi transmitido pela TV,  a transmissão foi feita pela USTREAM e aqui está a primeira parte da gravação em japonês.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Japão – Trem-bala reduziu a velocidade e parou a salvo graças à detecção precoce em Miyagi

Condições de funcionamento do Touhoku-Shinkansen (trem-bala da Linha Nordeste) no momento em que ocorreu o grande terremoto na costa leste do Japão.


Clique na figura para ampliar.


Segundo as análises efetuadas pela JR Leste do Japão, o sistema de detecção precoce de terremotos do Touhoku Shinkansen (Trem-bala Linha Nordeste) instalados na costa do Oceano Pacífico emitiu alerta de emergência de 12 a 73 segundos antes de fortes tremores alcançarem  ao longo da ferrovia.
Haviam 5 trens operando na área mais atingida, numa velocidade a cerca de 270 km/h, porém o fornecimento de energia foram suspensos e os freios de emergência acinados antes de ocorrer os tremores com intensidade acima de 5 graus.
A redução de velocidade estimada foi de 30 a 170 km, todos os trens pararam com segurança.
Segundo a JR Leste do Japão, o sismógrafo instalado em Kinkasan (Cidade de Ishinomaki/Miyagi) captou o movimento sísmico principal (ondas S) acima de 120 Gal às 14:47:03, e emitiu  as informações como o epicentro e o tamanho do terremoto para os sismógrafos de cada subestação ao longo da ferrovia. Na ocasião haviam 18 trens operando entre Tóquio – Aomori e  entre Shinshirakawa (Fukushima) – Ninohe (Iwate) onde foram severamente atingidos, haviam 10 trens operando e 5 estavam com velocidade acerca de 270 km/h.
Entre o momento da suspensão de fornecimento de energia e o acionamento dos freios de emergência há um intervalo de 3 segundos, mas o [Yamabiko No 61] que foi atingido por terremoto fortíssimo quando estava operando a 265 Km/h, nas proximidades de Sendai, iniciou a redução de velocidade para a parada de emergência 9 segundos antes de ser atingido pelo tremor mais agudo, tendo reduzido 30 km da velocidade ate ser atingido.
Além deste, o [Yamabiko No 63] que estava operando a 270 k, nas proximidades de Koriyama em Fukushima, o freio de emergência foi acionado 70 segundos antes, reduzindo cerca de 170 km. Já o [Hayate No 26] que estava nas proximidades de Nihonmatsu em Fukushima, onde a aceleração do sismo chegou a 690 Gal, reduziu de 270 km para cerca de150 km/h.
A aceleração máxima do sismo foi observado entre o Planalto de Kurikoma (Miyagi) e Ichinoseki (Iwate) onde o sismógrafo de Shin-Arikabe registrou 1.278,7 Gal  que depois disso a agulha extrapolou ficando impossibilitado de efetuar a medição.
A JR Leste do Japão solicitou avaliação mais detalhada aos especialistas, por terem chegado à conlusão nas suas análises, de que o mecanismo de geração e a magnitude do terremoto foi muito além do esperado, tendo grandes possibilidades do sismógrafo não ter conseguido captar as ondas P (tremores iniciais) que são emitidas logo no inicio, por terem sido fraquíssimas. A detecção das ondas S, antes de serem atingidos por fortes tremores intermitentes é que levou ao sucesso da parada de emergência.
 
 Veja também o artigo anterior Trem-bala freou 9 segundos antes...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Usina nuclear - Voluntários para "tropa suicida"...

Passaram-se 2 meses do mega-terremoto que atingiu a costa leste do Japão e na Usina nuclear Daiichi de Fukushima continuam os trabalhos severos para tentar convergir a situação da usina.
Em meio a isso, alguns técnicos aposentados começaram o movimento de apelar aos técnicos aposentados e levantaram o "Projeto para impedir a explosão da usina nuclear de Fukushima", para o qual mais de 100 técnicos se reuniram aguardando chamada. É uma espécie de "tropa suicida" que está ganhando atenção da mídia estrangeira.
No dia 18 de maio, 126 participantes disseram que estão dispostos a trabalharem no local, ou seja, na usina nuclear, para se dedicarem ao trabalho de recuperação. 

Nota-se por aí, que a situação é realmente grave, principalmente no reator 3 que está com a temperatura instável, correndo o risco de entrar novamente em condição crítica.
Os trabalhadores estão trabalhando numa situação alarmante, em que alguns dizem que já até se acostumou como o alarme soando, a cada 1 mSv, e quando soa o alarme mais forte indicando o limite da radiação admissível que é de 5 mSv.

Hoje fora divuldados fotos da usina sendo atingido pelo Tsunami, onde por volta das 3:40hs, os tanques de combustível (5,5m de altura) instalado 10m acima do nível do mar é atingido e engolido em pouco menos de 1 minuto... A Tepco justifica o atraso de divulgação destas fotos, porque ainda estão coletando e organizando os dados coletados.  

terça-feira, 17 de maio de 2011

Fukushima Dai-ichi: Relaxamento dos Padrões de Segurança dos trabalhadores...

Os funcionários continuam trabalhando mesmo quando a “descontaminação” é imcompleta.

Através de testemunhos dos trabalhadores, soubemos que no trabalho de recuperação do acidente da Usina Nuclear Dai-ichi, as Regras e os Procedimentos para a garantia da segurança dos trabalhadores estão sendo relaxadas sem nenhuma discussão.
Antes, quando acontecia a [contaminação do corpo] por adesão do material radioativo, o corpo teria que ser lavado para efetuar a [descontaminação] completa. Entretanto, o que tem acontecido ultimamente é que, mesmo sem a descotaminação completa, é emitido um [certificado de conferência] onde está descrito a parte do corpo contaminado e o trabalhador retorna ao seu trabalho com este documento. Como muitas outras Normas de segurança estão relaxadas, os trabalhadores estão sentindo muita insegurança e os peritos estão preocupados com este fato.
A dose de radiação dentro da usina é extremamente alta e nas proximidades do edifício do reator 3 onde houve a explosão de hidrogênio, foram encontrados escombros que emitem radiação de até 900 mSv/h.
Normalmente, quando há previsão de um trabalhador se expor à radiação acima de 1 mSv em 1 dia, a empresa contratante principal principal tem que apresentar ao Gabinete de Inspeção de Normas Trabalhistas, um documento com o Plano de trabalho com a previsão da dose de radiação a que um funcionário irá se expor, para receber uma autenticação e entregar uma cópia deste para a Tepco. Em relação a isto, em algumas empresas contratante principal existia a regra de entregar a cópia da [Autorização especial] para a subsidiária, o que já não está sendo feito atualmente.
O trabalhador de uma das subsidiárias trabalhou sem receber esta [Autorização especial], que normalmente é entregue ao funcionário e se expôs a 1,3 mSv em 2 horas e meia. Quando retornou ao prédio de isolamento que serve como base, junto com os demais trabalhadores - cerca de 10 pessoas - ao passar pela triagem (inspeção) após retirar a roupa de proteção, foram confirmados a contaminação do corpo em todos, na região do pescoço e nuca.
 Foram todos para as instalações do Centro de Treinamento Nacional [J-Village], que está servindo como base a cerca de 20 Km da usina, tomaram banho com shampoo próprio para descontaminação, mas em três trabalhadores não foi possível descontaminar com a lavagem e foram encaminhados para a instalação da Tepco onde passaram por mais uma lavagem e mesmo assim, não foram completamente descontaminados.
Por isso estes três receberam um [certificado de conferência] emitido pela Tepco, onde estão anotados as partes contaminadas mostradas em desenho, voltando posteriormente ao trabalho. Ao retornar ao trabalho com este certificado, quando estes trabalhadores passarem por uma outra triagem e acusar a contaminação, não será considerado como problema, ou seja, será desconsiderado. Porém os trabalhadores questionam este fato porque [normalmente, se um trabalhador retornasse ao trabalho sem efetuar a descontaminação, seria um problema a nível de emissão de documento de responsabilidade].
Além disso, a subsidiária a que pertence os trabalhadores deveriam apresentar relatórios para a empresa contratante principal, contendo um resumo do histórico de trabalho, o conteúdo de trabalho e as condições de contaminação. A contratante principal por sua vez, deveria comunicar à Tepco. Mas até o momento, os relatórios ainda não foram apresentados e nem tampouco foram exigidos a apresentação destes relatórios pela empresa contratante principal e nem pela Tepco que já tomaram conhecimento da contaminação.
O trabalhador comentou que [tanto a Tepco quanto a contratante principal, devem estar achando que “estranho seria se não houvesse contaminação neste local de trabalho”], apontando o relaxamento das Regras por causa da emergência.
Há um “clima” no ar entre os trabalhadores, de que “é inevitável a contaminação”, pois todos querem dar um jeito na usina (para estabilizar), mas sinceramente, sinto insegurança, comentou o trabalhador.
O Departamento de relações públicas da Tepco explicou que o [certificado de conferência] é um documento para indicar que não há anormalidade na pessoa em que foi detectado um número alto (na traigem) e que de qualquer forma estão efetuando a descontaminação até sair tudo. E em relação ao chamado [Autorização especial] (pela Tepco, Plano de trabalho), só efetuam o recebimento do documento e básicamente, mantém a posição dizendo que é um problema entre a contratante principal e o empregado.
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Pouco se falam destes heróis anônimos que estão lá trabalhando.
Uma empreiteira da região de Osaka foi acusada de contratar pessoas dizendo que era vaga para motorista na região nordeste do Japão, mas quando o candidato já contratado chegou ao local de trabalho, era na usina nuclear, para remover os destroços... 
Como sempre, os que mais sofrem são os que estão no batente.
Devemos muito à estas pessoas que estão lá, lutando contra o tempo e arriscando as suas vidas para estabilizar a situação.
Dói o coração só de pensar como não devm estar os seus familiares...
O mínimo que podemos fazer é orar por eles e pedir a Deus que os proteja.

Enquanto escrevia este, deu uma leve tremida - 3 graus...afffe!



Usina Nuclear de Fukushima - Evidenciado o "meltdown" nos reatores 2 e 3

Foi comprovado no dia 16, através dos dados divulgados pela Tecpo, que no reatores No.2 e 3 também ocorreu o "meltdown" - derretimento do núcleo do reator - onde o combustível nuclear derreteu e caiu no fundo do vaso de pressão.
Os dados divulgados desta vez, são dados obtidos imediatamente após central nuclear ter sido atingido pelo mega-terremoto e a demora para a sua organização e divulgação é devido ao fato de que os dados estavam na sala de controle central da usina, além do fato dos papéis da registradora estarem contaminadas com material radioativo. 
Os dados divulgados são equivalentes a 4 pastas grossas de arquivo, onde estão os gráficos imprimidos pela registradora, relatórios de operação do supervisor de turno e  etc.
Pelos dados, a pressão do vaso pressão do reator 2 e 3 baixaram às 18:43hs do dia 15 e às 11:50hs do dia 16, respectivamente. Provavelmente foi quando o vaso de pressão deixou de estar herméticamente fechada e vazou a pressão. 
Na parte do fundo do vaso, há muitas partes furadas para introduzir as barras de controle e medidores. Supõe-se que o combustível derretido tenha se acumulado no fundo do vaso, resultando no derretimento dos aparelhos de medição por causa do calor.
Além disso, há possibilidade do combustível derretido ter vazado do vaso de pressão para a contenção, porque na água contaminada encontrada no reator 3, foi detectado o Tecnécio que é gerado quando há destruição da vareta de combustível.
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Segundo o noticiário da tarde de hoje, a água contaminada acumulada no subsolo do edifício do reator 1, com 4m e 20 cm de profundidade, teria vazado de algum lugar do tanque de supressão (controle de pressão) que fica na parte inferior da contenção do reator, que está submerso, pois não foram notados vazamentos na parte superior.
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O mega-flutuante cedido pela Província de Shizuoka chegou no porto de Onahama em Fukushima. Em seguida, o mega-flutuante com 136m de comprimento e 46m de largura, que comporta 10.000 toneladas de água  será checada e transportada para as proximidades da usina nuclear.
O mega-flutuante será usado para armazenar água com teor de contaminação relativamente baixa,  juntamente com os tanques provisórios que estão sendo construídos dentro do terreno da usina. 
O mega-flutuante tinha partido em abril, do porto de Shimizu em Shizuoka e no caminho acostou no porto de Yokohama para reforçar a pintura anti-corrosiva e instalação de guincho com capacidade de guinchar até 150 toneladas, partindo de lá no dia 15 deste mês.
Por outro lado, a Tepco revelou que ainda hoje (17) os funcionários irão entrar no edifício do reator 2 para efetuar a medição de radiação e conferir o ambiente de trabalho. É a 1a.vez que pessoas entram lá depois do dia 14 de março. Sabe-se através da investigação por robô, que lá a umidade do ambiente está acima de 90%, estando bem mais alto em relação aos demais edifícios.

Fonte: BIGLOBE News.
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A água estava sendo injetado na parte da contenção  para resfriar o vaso de pressão, onde foi conferido que mais de 4.000 toneladas de água haviam desaparecido mas posteriormente uma grande quantidade de água contaminada foi encontrada no subsolo do edifício do reator 1.  Pelo que entendi no noticiário de hoje,  a água deve estar vazando de algum lugar desta parte marcada com X na figura abaixo. Esta parte que é o tanque de supressão (controle de pressão), circula a contenção em forma de um "doughnut".
Quanto à quantidade de água contida na contenção é só figurado para mostrar onde estava sendo injetado a água... 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Usina Nuclear de Fukushima - Possibilidade de "meltdown" nos reatores 2 e 3.

Já era de se esperar e alguns especialistas tinham citado sobre esta hipótese desde o início, mas finalmente o governo admitiu esta possibilidade. 
O argumento do governo é que além da dificuldade de aquisição de dados devido ao fato de estarem impedidos de entrar no local do acidente, pelo altíssimo risco lá existente,  estavam analisando os dados antes de poder divulgar o fato... o argumeto é admissível porque realmente quem está lá no batente, está correndo sérios riscos na saúde pela contaminação.
O que não é admissível é o limiar estabelecido para a dose de radiação por ano, para as crianças que estão próximas de lá.  20mSV/ano. Há muitos especialistas daqui alarmados e indignados com estes números, gostaria de saber a opinião de especialistas do Brasil ou de outros países a respeito.
Bom, deixando este assunto para depois, eis abaixo, o que foi revelado hoje...
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O Assessor do Primeiro-Ministro, Goushi Hosono, disse na coletiva para imprensa de hoje que irão pensar na hipótese de que pode ter ocorrigo derretimento do núcleo nos reatores 2 e 3.
Como fundamento, revelou  que o reator No.2 ficou sem injeção de água por 6 horas e 29 minutos e o reator No. 3 chegou a ficar 6 hoas e 43 minutos  sem injeção de água. Comparando-se ao reator No. 1 que ficou 14 horas e 9 minutos sem injeção de água e teve o núcleo totalmente derretido, não se pode dizer que [o tempo foi mais curto].
Já em relação ao reator No.1, pode-se dizer que o resfriamento (do núcleo) está de certa forma mantida, mas o que preocupa é se o combustível derretido está mantida dentro do vaso de pressão. Supõe-se que a maior parte esteja dentro do vaso de pressão, mas presume-se que caiu um pouco do combustível derretido na contenção. O Assessor comentou que será necessário tomar várias medidas considerando este fato.

Fonte: YOMIURI ONLINE  16/05/2011  21:33

domingo, 15 de maio de 2011

Reator 1 - 2.000 mSv dentro do edifício do reator...

2.000 mSv dentro do edifício do reator - teria vazado água contaminada com alto teor de material radioativo do reator...
No dia 14, a Tepco anunciou que uma grande quantidade de água foi encontrada no subsolo do edifício do reator 1, alagando até a metade do andar subsolo. No andar térreo, foram medidos radiações altas de até 2.000 mSv.
A grande quantidade de água do subsolo foi vista no dia 13,  por funcionários, que notou também o fluxo do oeste para o sentido leste.  Não se sabe ainda a quantidade, mas a profundidade está acima de 4 metros.  O volume do subsolo é de 600 metros cúbicos e a quantidade é estimada em alguns milhares de toneladas. A água vai ser coletada e analisada para saber quais os tipos e a quantidade do material radioativo contém, para conferir se é água contaminada originária do reator.
A alta dose de radiação do andar térreo foi notada no dia 13, durante a investigação feita pelo robô.
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Uma grande quantidade de água contamindada está acumulada no subsolo do edifício do reator 1. Este fato foi conferido por 2 funcionários que entraram no edifício no dia 13.
No reator 1, vinha sendo observado que o nível da água não estava aumentando, apesar da injeção de grande quantidade de água para resfriar o vaso de pressão, que se tornaria vapor para depois  ser condensado e sair para a parte da contenção.  É grande a possibilidade de ter vazado da contenção para o subsolo. 
O porta-voz da Tepco disse que no dia 17 será apresentado um novo cronograma considerando este fator e também considerando o derretimento do núcleo do reator.
Daqui adiante, o nível da água será conferido. Se o nível da água não tiver alcançado a altura da tubulação de coleta de água, poderá ser feito uma circulação, purificando a água contaminada do subsolo para depois retornar ao vaso de pressão.
A altura do subsolo, do chão até o teto, são 11 metros e o volume total do ambiente é de aproximadamente 6.000 metros cúbicos. Se tem água acumulada até metade, a quantidade da água contaminada acumulada é de cerca de 3.000 toneladas.
Além disso, no vaso de pressão do reator 1 foram injetados mais de 10.000 toneladas de água, mas na contenção só está acumulado cerca de 5.800 toneladas. Com isso, presume-se que tenham vazado cerca de 5.000 toneladas de água e vapor da caontenção.
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Eis o paradeiro da água desaparecida, que estava em foco no dia 13.
Espero que estejam lá mesmo.
Supeita-se também, que os reatores 2 e 3 também estejam na mesma situação, ou seja, que os combustíveis estão derretidos (meltdown)...

Continuarei atenta às notícias a respeito.

sábado, 14 de maio de 2011

Reator 1, mais de 4mil toneladas de água desapareceram..

No Reator 1, a situação da operação de encher a contenção com água está difícil... mais de 4mil toneladas de água desapareceram.

Na unidade 1 da Usina nuclear Dai-ichi de Fukushima, onde os trabalhos de recuperação estavam mais adiantados para a convergência do acidente, foi comprovado que hove o [derretimento do núcleo (Meltdown)] e uma grande quantidade de combustível derretido está acumulado no fundo da contenção (vide estrutura de um reator nuclear )
Lá estão acontecendo uma série de problemas, um atrás do outro, que requer a revisão do cronograma de trabalho de recuperação/estabilização da usina.

Traçando os antecedentes do acidente para saber porquê, depois de passados 2 meses do acidente, foram descobertos problemas inesperados como estes.

Derretimento do núcleo (Meltdown)
“Não pensamos nesta hipótese (o derretimento total do núcleo). Fomos muito otimistas no reconhecimento.”
Na coletiva para imprensa realizada no dia 13 no Gabinete de prevenção integrado Governo/Tepco, o Assessor do Primeiro-Ministro, Goshi Hosono admitiu que foram muito otimistas quanto as perspectivas.
As unidades  1 a 3 da Usina Dai-ichi de Fukushima perdeu as funções de resfriamento durante o grande terremoto que assolou a costa leste do Japão e os combustíveis que deveriam estar submersos na água, estavam expostas.
A Tepco tem dado continuidade ao trabalho de bombeamento da água, desesperadamente, e presumia que “parte do combustível estivesse derretido, mas que não havia chegado ao ponto de derretimento do núcleo (meltdown)".  A Agência de Segurança Nuclear do Ministério da Economia, Comércio e Insdústrias também tinha uma visão semelhante e o cronograma de trabalho apresentado pela Tepco no dia 17 do mês passado para a estabilização do reator, era um plano que considerava esta hipótese. Por isso mesmo, o derretimento do núcleo descoberto ou confirmado no dia 12 causou um grande impacto sobre as partes interessadas. Principalmente porque achavam que o trabalho de bombeamento da água para encher a contenção estavam indo bem.
A realidade era outra. O derretimento do núcleo foi descoberto quando os medidores do nível de água foram consertados e ajustados pelos funcionários que entraram no edifício do reator. O nível da água dentro do vaso de pressão (com 19m de altura) tinha no máximo 4m de água a partir do fundo.
O combustível derretido deve ter escapado pelos buracos e frestas do vaso de pressão que está com o fundo destruído.
O nível da água na parte da contenção também está abaixo do que foi presumido e pelo menos 4.000 toneladas de água, das 10.000 toneladas de água que foram bombeadas para dentro da contenção “desapareceram”.

Água desaparecida
Porque demoraram a descobrir o problema.
Pelo fato de haver diferença na pressão do vaso de pressão e a da contenção, antes de ajustar o medidor de nível da água, a Tepco presumia que [não havia danos na contenção e que a contenção estava sendo enchido com água].
Porém estavam sendo muito otimistas. Por mais que a radiação elevada dentro do edifício do reator estivessem impedindo o ajuste do medidor de nível da água, não deram importância aos números que praticamente não estavam variando desde quando aconteceu o acidente. Quando salientaram sobre a possibilidade de defeito no medidor e derretimento do núcleo, a Tepco comentou que “após o ajuste dos medidores, previam a redução do nível de água, mas que a redução foi significantemente maior”.
O destino da água desaparecida também requer atenção. Pois há possibilidade da água contaminada com alto teor de material radioativo vazar para fora através dos furos no vaso de pressão. O lugar mais suspeito de que a água estejam retidos, é no subsolo do edifício do reator. Pois quando o funcionário tentou descer a escada, não conseguiu prosseguir por causa de alta radiação.




Tepco Admite o “Meltdown” do reator No 1 da Usina Nuclear de Fukushima.

   A empresa Tokyo Electric Power Company (Tepco) anunciou ontem, dia 12, que há possibilidade das varetas de combustível nuclear (4m de comprimento) terem se derretido por terem ficado totalmente expostos fora da água de resfriamento, caindo no fundo do vaso de pressão e posteriormente vazado junto com a água para a contenção, através de pequenos furos no fundo do vaso de pressão.

   A Tepco admitiu a situação como “Meltdown” (fusão do núcleo de um reator nuclear) e está revisando do trabalho de resfriamento da contenção que estava planejado a sermr preenchendos totalmente com água (Submersão (Tonel d’água)). Com certeza haverá atrasos no trabalho de resfriamento e estão forçados a efetuar uma grande reformulação do cronograma para a convergência do acidente.
   Até então, estavam supondo que o nível da água dentro do vaso de pressão estivessem entre 1,5 a 1,7m abaixo da extremidade superior da varetade combustível, mas o resultado da medição depois de consertar um medidor de água, descobriu que o nível de água está 5 metros abaixo.
   Há grandes possibilidades dos combustíveis do reator 1 terem permanecido completamente expostos por um determinado período, abrindo pequenos furos nas partes soldadas da tubulação, vazando o combustível fundido para a contenção.
   Como a temperatura superficial da parte inferior do vaso de pressão está relativamente baixo, entre 100 a 190 graus Celsius, a Tepco diz que o combustível está sendo resfriado (imerso em água).
   O combustível que provavelmente vazou depois de fundido, está sendo resfriado sem haver aquecimento porque há água dentro da contenção, sendo baixo o risco de uma explosão de hidrogênio.
   Sobre o nível da água dentro do vaso de pressão, segundo Hidehiko Nishiyama, porta-voz da agência de segurança nuclear japonesa, “uma parte (do combustível) está na parte de baixo, derretido, e está sendo bem resfriados (com água)”.
    Até então, a Tepco vinha estimando a percentagem de danos do núcleo em 55%, mas desta vez não nega a posibilidade do combustível ter se derretido completamente, pelo fato da vareta de combustível não manter a sua forma original, por causa do derretimento.
   Até o dia 12, a Tepco bombeou cerca 10 mil toneladas de água no vaso de pressão do reator 1 para resfriar o combustível e atualmete estão sendo bombeados 8 toneladas de água por hora na tentativa de encher o vaso, mas segundo a Tepco, “mais de 3 mil toneladas de água está vazando para algum lugar”. A situação é que, a água deve estar vazando da parte inferior do vaso de pressão, para a contenção, e de lá para algum lugar.
   Diante desta situação, a empresa diz que há necessidade de reformular a estratégia e a Agência de segurança nuclear também observa que “é pouco provável que encha de água até o topo (do combustível)”.


Fonte: SANKEI DIGITAL 1:30hs 13/05/2011


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Desafios para a descontaminação do solo contaminado em Fukushima.


Desafios para a concretização: Plantação de brocolines (Brassica rapa var. nippo-oleifera) para a descontaminação do solo que foi contaminado com material radioativo.

Ministério da Agricultura iniciou a pesquisa sobre a plantação de brocolines (Brassica rapa var. nippo-oleifera) - legume da família brassicae, para a descontaminação do solo contaminado com material radioativo.



Já foram iniciados os trabalhos preparativos para a aplicação no Japão, de um projeto de plantio de brocolines que vem sendo executado a alguns anos no Distrito de Narodich que fica na região norte da Ucrânia (então parte da União Soviética), para a descontaminação do solo contaminado no desastre nuclear de Chernobyl.


O Misnistério da Agricultura enviou um grupo de funcionários para a Ucrânia para coletar dados relacionados a obsorção de materiais radioativos (radioatividade) pelos brocolines. Porém já são visíveis os desafios na aplicação do projeto nas áreas atingidas pelo desastre nuclear da Usina Daiichi de Fukushima.


O Vice-Ministro da Agricultura, Takashi Shinohara, que havia visitado o Distrito de Narodich, onde estão sendo realizados os experimentos de descontaminação do solo através do plantio de brocolines, revelou que: “Lá existem uma pilha de dados. Os pesquisadores japoneses irão estudar os resultados dos Institutos de Pesquisa local, para efetuar pesquisa de acordo com a situação do Japão”.


Narodich fica a 70 Km ao leste da Central nuclear de Chernobyl, e mesmo agora, após terem passado 25 anos do desastre ocorrido em 1986, ainda são proibidos o plantio de culturas alimentares em 95% da área do Distrito.


O experimento de descontaminação vem sendo executado desde o ano de 2007, pela NPO (organização sem fins lucrativos)[Assitência a Chernobyl / Chubu] de Nagóia em cooperação conjunta com Universidade local.


Os vegetais absorvem o Potássio dissolvido na umidade do solo durante o crescimento. E dentre os vegetais, a quantidade de absorção do Potássio pelos brocolines e girassóis é grande. Este experimento focaliza o fato da natureza química do Potássio e Césio serem parecidos e aproveitou esta semelhança, fazendo a brocoline absorver o Césio radioativo, que é confundido com o Potássio.


No experimento, as sementes colhidas são transformadas em biodiesel, o bagaço e as folhas em biogás que são purificados. Não foram detectados materiais radioativos de ambos.


Além disso, no 1º ano foram plantados brocolines, no 2º ano foram cultivados o centeio e no 3º ano foram cultivados o trigo sarraceno (soba), nos quais o material radioativo contido na colheita diminuiu até menos que a metade em 3 anos, comparados aos que foram produzidos em solos intocados após a contaminação. Como o material radioativo contido no solo se infiltra ao longo do tempo, será repetido o ciclo do plantio, plantando novamente os brocolines no 4º ano.


Quando se repetem o plantio dos brocolines e o trigo sarraceno todos os anos no mesmo solo, ocorre a [falha de replantio] causando deficiência de crescimento. O Diretor da NPO, Masaharu Kawada, tem a espectativa de que “O nível de contaminação diminuirá gradualmente ao cultivar alternadamente os brocolines e o trigo. Possiblitará uma nova agricultura evitando a falha de replantio, além de possibilitar o uso do trigo como ração para os animais domésticos” .


Porém há desafios como a manipulação dos bagaços dos caules, folhas e sementes, que mesmo transformados em biogás, saem águas residuais contendo material radioativo. O experimento de adsorção de águas residuais em adsorventes para tornar a contaminação radioativa em baixo nível, foi bem sucedido, no entanto ainda não chegou ao ponto de serem aplicados na prática.


Além disso, como as condições de contaminação difere do Japão, não se sabe se serão obtidos resultados semelhantes. A dose de radiação na superfície do solo da plantação de brocolines em Narodich é de 0,6 a 1,0 microsievert/h. O Diretor Kawada acha que em Fukushima há áreas contaminadas acima deste nível.


Por outro lado, tem-se a espectativa de que, comparados à Narodich onde o material radioativo já está infiltrado numa profundidade de 20 a 40cm sendo difícil disolver em água, em Fukushima onde o desastre nuclear ainda é recente, os materiais radioativos estão concentrados na superfície podendo ser facilmente absorvido pelas plantas.


O Diretor aponta que “Será necessária medidas minunciosas e adequadas de acordo com o grau de contaminação”. E comentou, que depois disso, “Para plantar os brocolines de fato, as medidas de manipulação dos caules e folhas têm que ser definido. Mas de qualquer forma, é melhor absorver os materiais radioativos o mais rápido possível, antes que se infiltrem profundamente”.


O Ministério da Agricultira “Considera como uma das opções” (Ministro Michihiko Shikano) e estão apressando a coleta de dados.


Fonte : SANKEI DIGITAL INC. 03/05/2011 22:09hs



Num futuro próximo, veremos vastas plantações de brocolines e as suas flores amarelas fazendo contraste com o céu azul lindo de Fukushima...



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sobre a exposição à radiação - Prof. Makoto Kondo

Encontrei mais um artigo sobre a dose de radiação. Já não sei mais em que acreditar... são tantas informações que fico meio perdida. Mas apesar dessas inúmeras informações, sei muito bem que sendo muito ou pouca radiação, é risco para saúde. Abaixo, o artigo escrito por:

Makoto Kondo - Docente do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da universidade de Keio.

Sobre a exposição à radiação

Aponto a expressão problemática que vem sendo usado nos comentários feitos por especialistas, em muitas reportagens de TVs e jornais, onde dizem que “Não há problema em exposições inferiores a isto”, baseando-se ao padrão de 100 milisieverts.
Li um artigo onde estava escrito : “Sabe-se através dos dados de Hiroshima e Nagasaki, que abaixo de 100 mSv, não há nehum efeito adverso no corpo humano.

Com certeza, em exposições abaixo de 100mSv não aparecem sintomas agudos como queimaduras. A expressão seria adequada se este artigo se referisse a estes sintomas agudos. Porém, na pesquisa de rastreamento dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, há resultados de pesquisas que sugerem o aumento de mortes por câncer, mesmo nos casos de exposição à baixa dose de radiação, como doses abaixo de 50 mSv. [1]
Mesmo sendo uma pequena dose de radiação, estocásticamente, há possibilidade de afetar a saúde.
Em relação a exposição à baixa dose de radiação, existem relatórios de levantamento em 400 mil trabalhadores de instalações nucleares em 15 países, incluindo o Japão, que segundo este, a taxa de câncer tem aumentado mesmo que a exposição à radiação seja abaixo de 50 mSv. [2]

Para o  aumento de cada 1 mSv na dose de exposição à radiação, pelo cálculo, o excesso relativo de mortalidade por câncer em percentuais, aumentam 0,97. Isto é, aumenta 97%. Como o cálculo do excesso relativo de mortalidade é um tanto quanto difícil, mostrando apenas os resultados, são os seguintes: Pela estatística, a mortalidade dos japoneses é 30% devido ao câncer, e ao se expor a 10 mSv, o percentual de mortalidade por câncer é de 30,3%, e na exposição à 100 mSv, será 33%.

Esta teoria que considera segura a exposição à radiação inferior a 100 mSv, já é praticamente considerada como errônea nestes ultimos anos.
O câncer não é causado somente pela exposição à radiação.

Tenho formado a idéia de um “balde cancerígenas”. Cada um possui um “balde” com capacidade que variam individualmente. Onde as diversas causas cancerígenas como o cigarro, agrotóxicos e etc., vão se acumulando no “balde”, que quando estiver completamente cheio causa o câncer.
Mesmo que a dose de radiação a que algumas pessoas foram expostas sejam a mesma, dependendo da quantidade contida no “balde” de cada um, em alguns poderá gerar o câncer e em outros, não. Por isso, é difícil estabelecer um valor de referência (Padrão) da carcinogênese devido à dose de radiação.

O cálculo do risco de câncer pela quantidade de cigarro fumado, também é difícil, pois varia de acordo com a quantidade, a idade do fumante e por quantos anos é fumante. Por isso mesmo, acho duvidoso o fato de dizer que é seguro, comparando-se os riscos de exposição à radiação e o risco de carcinogênese devido ao tabagismo.

No mesmo artigo diz o seguinte: “Mesmo que se exponha a 100 mSv, o risco do câncer aumenta 0,5%. Além do mais, o Japão é o país com maior incidência de câncer do mundo. Onde 1 entre 2 pessoas poderá ter câncer. Isto é, o risco já existente que é de 50%, aumentará para 50,5% em decorrência da exposição a 100 mSv de radiação. O risco do tabagismo ainda é maior.

Creio que este  número [0,5%] é originária da taxa de risco (5%) a cada 1 Sievert, que está citado na recomendação do ICRP (Comissão Internacional de Proteção Radiológica) de 2007. Isto é, se são 5% a cada 1 Sievert, em 100 milisievert que é 1/10, o risco é de 0,5%. Porém estes números não significam risco de carcinogênese (risco de ter câncer), e sim o risco de morrer de câncer.
Se neste artigo diz que o 1 entre 2 pessoas podem ter câncer, está tratando da "probabilidade" de adquirir o câncer, e se está adicionando 0,5% que é a "taxa de risco" (risco de morrer), provavelmente está confundindo o risco de carcinogênese com o risco de morte por câncer.
Além de estar confundindo os riscos, não mostra nem a quantidade de cigarros ao dizer que o tabagismo é mais perigoso.
Na minha opinião. a mídia deveria tomar mais cuidados com discussões grosseiras como esta e tomar cuidados na utilização indevida de evidência científica.


Referências
[1]:Brenner DJ, Doll R, Goodhead DT., et al. "Cancer risks attributable to low doses of ionizing radiation: assessing what we really know." Proc Natl Acad Sci U S A. (2003) Nov 25;100(24):13761-6.【PubMed】
[2]:Cardis E, Vrijheid M. Blettner M., et al. "Risk of cancer after low doses of ionising radiation: retrospective cohort study in 15 countries." BMJ (2005) 9;331(7508): 77【PubMed】
Artigos relacionados em japonês:放射線被ばくに関して:近藤誠・慶応大】
Outras referências: Shuryak I, Sachs RK, Brenner DJ. "Cancer risks after radiation exposure in middle age." J Natl Cancer Inst. (2010) Nov 3;102(21):1628-36. 【PubMed】

Fonte: SMC JAPAN -Science Media Centre of Japan  o site em inglês
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O artigo a que se refere o Prof. Kondo, suponho que seja o artigo do dia 29/Mar do  team_nakagawa (equipe de radiologia do Hospital da Universidade de Tóquio) que traduzi anteriormente, sobre os impactos da radiação no corpo humano.
Achei importante saber desta opinião também, pois de tanta coisa que rola na mídia, temos que ouvir, pesquisar muito, fazer as somatórias e tirar a média de tudo isso para se ter noção do que está sendo publicado.